16 de abr. de 2013

A justiça dada pela fé

 


102 - Disse Jesus: Ai deles, os fariseus, pois se parecem com um cachorro deitado no cocho dos bois, pois nem comem nem deixam que os bois comam.

Fariseu não é só certa classe de judeus. Fariseu quer dizer “separatista”, e todo ego humano é separatista; julga-se separado de Deus e vive na ilusão do seu egocentrismo.

Todo egoísta é como um cão que se deita sobre o alimento dos bois, que não é alimento para ele, e ao mesmo tempo impede que os animais comam a comida deles. O egoísta faz mal a si mesmo e faz mal aos outros.

A fim de ultrapassar essa zona do ego não basta ser altruísta e virtuoso, que podem ser formas de um egoísmo sublimado, “remendo novo em roupa velha”. É necessário ultrapassar toda a zona da egoidade, viciosa e virtuosa, e “nascer de novo pelo espírito”, fazer-se “nova creatura em Cristo”. A egoidade consiste essencialmente no mental do homem; enquanto o homem não se transmentalizar, nada está resolvido; mas a transmentalização é a transegoficação, ou seja, a desintegração do ego e sua integração no Eu superior. O ego, porém, se defende de todos os modos contra esse egocídio, uma vez que nada sabe do Eu e tem de defender tenazmente o único tesouro  que possui ou julga possuir. Somente uma invasão cósmica de fora do ego pode leva-lo a uma transegoficação ou transmentalização redentora. Esse impacto cósmico, a “graça”, levaria o ego a uma integração cósmica, à cosmificação ou auto-realização.

Mas, como pode a graça atuar sobre um ego cristalizado na sua impenetrável egoidade?

O que é humanamente impossível é cosmicamente possível. Mesmo na aparente ausência de qualquer preparativo preliminar, de qualquer disposição consciente do homem, acontece o advento da graça. Judas Iscariotes estava, externamente, no melhor dos ambientes – e a graça não lhe aconteceu. Saulo de Tarso parecia estar no pior dos ambientes – e a graça lhe aconteceu.

Existe, evidentemente, uma lógica totalmente diferente de toda a logicidade humana.

"Quando uma pessoa lê as Epístolas de Paulo, o Apóstolo, com surpresa pode verificar por si mesma que raramente ele menciona Jesus, o Grande Kabir ou o Cristo histórico. Sempre alude a um Cristo Íntimo.
 Todo Homem que logra assimilar à Substância-Cristo se converte de fato em um Cristo Vivente.
Na Terra Santa, o grande gnóstico Jesus, educado na terra do Egito, foi quem teve a dita de assimilar o Princípio Crístico Universal e, por isso, mereceu ser batizado com a Seidade do Fogo e da Cruz (Khristus).
O Rabi da Galileia é um Deus porque encarnou totalmente o Cristo Cósmico. Hermes, Quetzalcoatl, Krishna... Deuses são porque também encarnaram o Cristo Cósmico.
 O nazareno Jesus-Iesus-Zeus é o homem moderno que encarna totalmente o Princípio Crístico Universal. Antes dele, muitos Mestres encarnaram esse Princípio Crístico do Fogo.
Entre os persas, Cristo é Ormuz, Ahuramazda, o terrível inimigo de Ahriman (Satã) que levamos dentro. Entre os hindus é Krishna, o Cristo, e o Evangelho de Krishna é muito semelhante ao de Jesus de Nazaré. Entre os tibetanos, Cristo é “Kuan-yin”, a Voz melodiosa, o Exército da Voz, o Grande Alento, o Sol Central, o Logos Solar, o Verbo de Deus. Entre os egípcios, Cristo é Osíris, e todo aquele que o encarnava era, de fato, um Osirificado. Hermes Trismegisto é o Cristo Egípcio, ele encarnou Osíris. Entre os chineses é Fu-Hi, o Cristo Cósmico, que compôs o I-King, livro das leis, e nomeou ministros- Dragões. Entre os japoneses é Amida, que tem o poder de abrir as portas do “Gokuraku” (o Paraíso). Entre os gregos, o Cristo chama-se Zeus, Júpiter, o Pai dos Deuses. Entre os astecas é Quetzalcoatl, o Cristo mexicano. Entre os Eddas germanos é Balder, o Cristo que foi assassinado por Hoder, Deus da Guerra, com uma flecha de visgo, etc. Assim, poderíamos citar o Cristo Cósmico em milhares de livros arcaicos e velhas tradições que vêm de milhões de anos antes de Jesus. Tudo isto nos convida a aceitar que Cristo é um Princípio Cósmico contido nos princípios substanciais de todas as religiões.
 Quando uma forma religiosa cumpriu sua missão, se desintegra. Jesus, o Cristo, foi de fato o iniciador de uma Nova Era. Jesus foi uma necessidade religiosa da época.
 O DRAMA CÓSMICO
 Obviamente, todo o Drama Cósmico, tal como está escrito nos “Quatro Evangelhos”, deverá ser vivido dentro de nós mesmos, aqui e agora. Isso não é algo meramente histórico, é algo para viver aqui e agora.
O Cristo encarnado no coração do Homem tem que viver todo o DRAMA CÓSMICO tal como está estipulado nos Quatro Livros, nos Quatro Evangelhos. Tem que vivê-lo dentro de cada um, aqui e agora. E depois que tenha passado por todos esses processos dos Quatro Evangelhos, então tem que ser julgado. 

Que é amarrado à coluna! É verdade! Que tem que receber mais de cinco mil açoites. Certo! Que é coroado com sua coroa de espinhos! Ninguém pode duvidar disso! Que é ferido, insultado, esbofeteado! Também é muito verdadeiro! Os Três Traidores julgam-no: Pilatos ordena que seja açoitado (“Ecce Homo”, diz Pilatos; “eis o Homem”). Sofre o indizível (o Chrestos, o Logos) quando se reencarna. Os TRÊS TRAIDORES que crucificam o Cristo, que o levam à morte, estão dentro de nós mesmos. Nós os conhecemos: JUDAS, PILATOS E CAIFÁS. 

JUDAS é o DEMÔNIO DO DESEJO, que nos atormenta. PILATOS é o DEMÔNIO DA MENTE, que tem desculpas para tudo. E CAIFÁS é o DEMÔNIO DA MÁ VONTADE, que prostitui o altar, vende os Sacramentos… 

JUDAS, o Demônio do Desejo, troca o Cristo Íntimo por 30 moedas de prata. 3 + 0 = 3. Essa é a adição cabalística. Quer dizer, troca-o por coisas materiais: pelo dinheiro, pelos licores, pelo luxo, pelos prazeres animais, por todos os prazeres da Terra… PILATOS é o Demônio da Mente. Esse, sempre lava suas mãos, nunca tem a culpa, jamais. Para tudo encontra uma evasiva, uma justificativa. Jamais se sente culpado. Realmente, vivemos sempre justificando todos os nossos defeitos psicológicos que possuímos em nosso interior, jamais nos cremos culpados. Pilatos sempre justifica suas piores perversidades, busca evasivas, desculpas, não encara seus erros. 

Há pesssoas que me disseram: “Senhor, eu acho que sou uma pessoa, pois, boa. Eu não mato, eu não roubo, eu sou caritativo, eu não sou invejoso” (isto é, um “exemplo de virtudes”, perfeito, segundo eles). “Então, não adianta – digo eu –, diante de tanta perfeição, good bye!”... 

De maneira que olhemos as coisas como são, em seu cru realismo. Esse Pilatos sempre lava as mãos, nunca se considera culpado. E quanto a CAIFÁS, o Sumo Sacerdote, francamente eu o considero como o mais perverso de todos, trai o Cristo Íntimo miseravelmente… 

Pensem no que é CAIFÁS. O Cristo Íntimo nomeia, muitas vezes, um Sacerdote, um Mestre, um Iniciado, para que guie a suas ovelhas, as pastoreie. Entrega-lhe o comando e põe-no à frente de uma congregação, e o tal Sacerdote, ou o tal Mestre, etc., ou o Iniciado, em vez de guiar seu povo sabiamente, vende os Sacramentos, prostitui o Altar, fornica com as devotas, etc., etc., etc. Conclusão: Trai o Cristo Íntimo (isso faz Caifás). É doloroso isso? Claro, é horrível, é uma traição, a mais suja que há! E não há dúvida que são muitas as Religiões que no mundo se prostituíram. Isto é óbvio. São muitos os Sacerdotes que traíram o Cristo Íntimo. Não me refiro a tal ou qual seita, não, senão a todas as religiões do mundo. 

Estes Três Traidores são as TRÊS FÚRIAS. Estes Três Traidores levam o Cristo Íntimo, pois, ao suplício.

AS MULTIDÕES

Irmãos, recordem que multidões de pessoas, multidões de gentes, pedem a crucificação do Senhor. Todas essas multidões que gritam “Crucifica! Crucifica!”, que pedem a crucificação do Cristo, estão dentro de nós mesmos, aqui e agora. São os agregados psíquicos inumanos que em nosso interior carregamos, são todos esses elementos psíquicos indesejáveis que levamos dentro, os DEMÔNIOS VERMELHOS DE SETH, viva personificação de todos os nossos defeitos de tipo psicológico. São eles os que gritam “Crucifica! Crucifica! Crucifica!”. E o Senhor é entregue à morte. 

Quem o açoita? Por acaso não são as “multidões” que levamos em nosso interior? É cuspido por quem? Não são todos esses agregados psíquicos que personificam nossos defeitos? Quem põe sobre Ele a coroa de espinhos? Por acaso não são todos esses engendros do Inferno que nós criamos? 

AS TRÊS CLASSES DE HOMENS QUE O ODEIAM

Não esqueçam que cada vez que o Senhor de Compaixão vem ao mundo é odiado por três classes de homens.
Três classes de pessoas condenam O FILHO DO HOMEM: primeira, os SACERDOTES do Templo, isto é, as Religiões de todas as épocas e os devotos de todos os tempos. 

Segunda, os ESCRIBAS, isto é, os intelectuais de seu tempo… Esses são os famosos “virtuosos” que condenam os Iniciados. 

Terceira, os ANCIÃOS, pessoas cheias de experiências, muito “judiciosas”, com muitas “virtudes”. Essas O julgam através de sua própria “lente psicológica”, mal o entendem e o excomungam...
Os SACERDOTES, as pessoas de todas as religiões, de todos os cultos, veem Nele um perigo para suas respectivas seitas. 

OS ESCRIBAS, os intelectuais, os que estão apegados a tantos códigos de moral podre, cada vez que o Senhor de Glória veio ao mundo, estiveram contra Ele, o odeiam mortalmente, porque não se encaixa dentro de suas teorias, significa um perigo para seus sistemas, para seus sofismas, etc. 

Os ANCIÃOS, as pessoas cheias de experiências, dizem: “Esse homem está louco, vejam o que traz, ouçam o que está dizendo, não está de acordo com o que nós pensamos. Temos experiência, este homem prejudica, fere”. Os Anciãos, as pessoas muito judiciosas, muito cheias de experiência, jamais entendem os Iniciados. 

Portanto, irmãos, na realidade e de verdade, o Filho, o Chrestos encarnado, é odiado pelas multidões, odiado pelos Sacerdotes, abominado pelos Escribas e repudiado pelos Anciãos. O Chrestos não se encaixa dentro dos moldes humanos, por isso é repudiado. 

O Chrestos é revolucionário por natureza, terrivelmente rebelde, e está além do Bem e do Mal. Não o compreendem as Forças do Bem, odeiam-no as Forças do Mal. Atua em consonância com isso que nós poderíamos denominar “COMPREENSÃO INDIVIDUAL PROFUNDA”... 

Fragmento da Conferência:
,
Samael Aun Weor


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